sábado, janeiro 11, 2025
Cidades

Após grampos, Lava Jato descartou prisão para não tornar Lula ‘mártir vivo’

A força-tarefa da Operação Lava Jato viveu um momento de euforia com os grampos divulgados entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (ambos do PT) em março de 2016 e, ao mesmo tempo, de cautela por temer transformar em “mártir” o petista. Procuradores debateram que não havia “espaço político” para prisão naquele momento. Os diálogos no aplicativo Telegram —apreendidos em operação que prendeu hackers— tiveram o sigilo suspenso pelo ministro do STF Ricardo Lewandowski.

Procurado, o MPF (Ministério Público Federal) não se manifestou sobre as mensagens.

‘Caraca!!!’ “Caraca!!!”, escreveu o procurador Paulo Galvão em um grupo da Lava Jato em aplicativo de mensagens. “Dá-lhe, Gilmar!”, comemorou em seguida a procuradora Jerusa Viecili -o ministro do STF havia vetado posse de Lula no governo Dilma como ministro da Casa Civil. Na mesma conversa de 18 de março, o procurador Andrey Borges de Mendonça sugeriu: “Agora vamos preparar a denúncia e se, até lá, estiver ok, apresentamos para o Moro”. Na sequência, ele lembrou que o petista também poderia ser denunciado em Brasília por obstrução à Justiça. Um temor de Mendonça era de que a denúncia em Brasília.

“Cuidado para não fazer um mártir” Também membro da força-tarefa à época, o procurador regional Antônio Carlos Welter sugeriu cautela sobre o momento da denúncia contra Lula. A tese dele tinha como base o fato de que o plenário do STF ainda iria avaliar se manteria ou não a decisão provisória de Gilmar. “Caríssimos, acho que temos que ter um pouco de cuidado para não fazer um mártir. Ou pior, um mártir vivo, justificando o discurso do Lula de que se vê como preso político”, escreveu Welter no grupo. “Possivelmente a liminar será levada a plenário em uma semana, talvez na quarta pós Páscoa. Não vejo, assim, necessidade de pressa (embora minha vontade seja noutro sentido).”

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